A sala era comprida, clara e arejada apesar de apenas duas das 6 imensas janelas de madeira estarem abertas. Era também incomum pois metade dela era um pequeno estúdio improvisado. Ela se sentou. Só conseguia pensar na loucura da noite passada, como pôde? Ela traiu as promessas que fez a si mesma. Não era mais confiável. O pânico tomou seu corpo, ela tinha que se acalmar, tentou ler mas não prestou atenção em nenhuma palavra escrita na folha amarelada do livro, começou então a gravar cada centimetro da sala: as cortinas pretas até o chão, o papel de seda também preto grudado com durex nos vidros para impedir a luz, o chaveiro cilindrico de madeira na porta, a porta, os lustres antiquados para a arquitetura antiga, os canhões de luz espalhados pelo teto com suas laminas coloridas, a coxia e as paredes pretas do estúdio. Levantou. Explorou brechas nas paredes e fundos falsos, se sentiu curiosa como se estivesse conhecendo um palco novo em que dançaria mais tarde. Observou desatenta uma estante de ferro com prateleiras vazias e nomeadas, meio escondida, leu apenas uma das etiquetas com nome: Romance. Aquilo embrulhou seu estomago. Sentou novamente. Passou um tempo indefinido olhando pela linda janela ao seu lado sem nada ver. Ouviu chamarem seu nome e saiu da sala seguindo por um corredor adornado com vitrais coloridos que cintilavam sob luz do sol matutino, agora estava prestes a cair num ataque de nervos, eram muitas coisas juntas com as quais se preocupar.
Porque ela tinha que ter feito aquilo noite passada?
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