sábado, 19 de junho de 2010

Craquelado

Ela gostava dos primeiros dias do inverno, quando a árvore mais comprida de seu grande gramado libertava as folhas finas, a essa altura muito secas e quebradissas. Tudo num raio de 10 metros da árvore ficava pintado em vários tons de marrom, e ela, num prazer inocente e verdadeiro pisava nas folhas com calma e precisão, se deliciando com toda a sensação envolvida. O barulho seco e craquelado, a textura do momento era uma coisa fora do real, como se um segundo se transformasse em horas e cada pedacinho de folha se partindo era particularmente especial e único. Um ato quase bobo, um tolice particular e agradável.

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