sábado, 10 de abril de 2010

Fadinhas

Fadinhas brilhantes dançavam perto das árvores do bosque com o efeito visual de um pisca pisca, trazendo à menininha lembranças de um natal passado, numa época em que a magia estava em todos os lugares e não escondidas num guarda roupas. A cena se passava numa grande sala meio vazia com janelas tampadas por madeiras claras e iluminada por 3 lustres antigos diferentes, 12 pessoas conversavam fazendo eco pelas paredes. A árvore de natal enfeitada com bolas de vidro coloridas e anjinhos de madeira estava abarrotada de presentes de diferentes tamanhos e formatos, embrulhados em papéis encantados. A menininha via a si mesma anos antes, sentada no chão ao lado de uma grande caixa cor de rosa estampada com ursinhos e corações, o papel laminado do embrulho refletia seus olhos redondos e infantis brilhando numa expressão dolorosamente ansiosa, o cabelo caido em cachos loiros emolduravam seu rostinho pequeno. Os adultos conversavam despreocupados, fartos pela refeição, parecendo achar graça da reação daquela pequena, ao seu lado, talvez tão ansioso mas menos afobado, estava um menininho de traços estranhamente parecidos ao dela, seu cabelo e péle um pouco mais escuros, mas era fácil de notar a semelhança em seus olhos castanhos atentos a reação dos mais velhos. Em pouco tempo a aglomeração em torno do pequeno pinheiro foi o sinal que ela tanto esperava para descobrir o que havia por baixo daquelas folhas especiais. Oh. Como era bom observar tanta espontaneidade e felicidade suave, aparentemente fáceis de conseguir, emoções simples e muito verdadeiras. Uma linda boneca de cabelos loiros, do tamanho de um bebê de verdade entrava na cena, fazendo um sorriso radiante brotar de seus lábios vermelhos. De dentro da caixa, um mundo de imaginação estava sendo oferecido... a boneca numa roupa cor de rosa e um berço de madeira muito real tinham agora toda a atenção daquela criança. O menino, andava pela grande sala numa bicicleta novinha, tornando o espaço pequeno demais, os dois enchendo o ambiente com as risadas satisfeitas de todos que observavam... De volta ao presente ela sentia um calafrio de saudade, uma nostalgia contagiante... era natural e envolvente. A magia de uma lembrança colorida.... pensou ainda na facilidade com que esquecemos das coisas.
As fadinhas ainda dançavam quando ela adormeceu enrolada em pensamentos antigos.

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