segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Calor

Ela estava sensível demais, resolveu ver a temperatura da água do pequeno riacho, colocou os pés na beirada e a correnteza morna trouxe uma sensação agradável. Depois de entrar na água, ficou boiando em sua superfície por horas, introspectiva, tentou se concentrar na própria respiração, não pensar em nada, não ouvir nada, mas na tentativa um peso irresistível a levava para o fundo, até ela recomeçar o exercício inúmeras vezes. Desistiu. Mais uma vez sentou na beira do riacho, molhando os pés, um fio de água escorria pelas suas costas, saindo de seu cabelo encharcado. Ela se levantou e sentou num trecho de grama que ainda abrigava um recorte do sol poente e encostou, enrolada numa toalha, numa fonte que fazia um barulho suave. Fechou os olhos e prestou atenção a sua volta: a grama estava quente, macia, cheirosa, ao longe o barulho das folhas da floresta remechendo alertaram a menininha do vento, chegando... Era uma brisa quente, muito delicada que fizeram as gotas de água no seu corpo dançarem, num ballet de sensações, ela se arrepiou. Abriu os olhos e a luz forte a surpreendeu. Observando o reflexo branco em suas pernas, tomou consciência de sua péle e das poucas gotas que agora iam secando... era um lindo dia.

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